Maior decepção chiensa dos Jogos de Pequim-2008 por conta de uma lesão no tornozelo que o impediu de disputar a final olímpica dos 110m com barreiras, Liu Xiang falou pela primeira vez em se aposentar, em caso de nova lesão grave ou, no máximo, logo após o ciclo olímpico.

Xiang, após a tristeza causada pela perda da medalha, foi para os EUA fazer uma delicada cirurgia. Para o Mundial de Berlim que vai acontecer em agosto, entretanto, sua participação é improvável, pois não estará 100% recuperado.

Lembro-me ainda hoje da comoção de todo o estádio chinês ao ver Xiang não largar pela eliminatória dos 110m. Pessoas chorando, mas num silêncio absoluto. A tristeza oriental, serena e doída, estava presente também nos olhos do campeão.

Em comparação à nossa realidade, seria como se a lesão do joelho de Ronaldo tivesse acontecido no Maracanã, na semifinal da Copa do Mundo.

Se para os torcedores é difícil, imagine para o próprio atleta? Você se dedica, treina e, na hora mais importante em quatro anos, uma lesão te tira o prazer de, pelo menos, competir. Deve ser extremamente frustrante.

Mas atletas de alto rendimento são assim. A convivência com a dor é diária e lesões fazem parte da profissão de quem busca desafiar limites o tempo inteiro.

Força, Xiang. O atletismo merece sua volta em grande estilo.